SEJA BEM-VINDO.

Este é um blogue humilde.

Espero, que se sinta bem, aqui.



Nem sempre o dia amanhece, igual

E, então, a nossa Alma, por tal

Reflete a luz de modo diferente

O importante é olhar o mundo

E tentar entender o seu profundo

E caricato modo de moldar a gente





Espero, que aprecie os momentos, que

estiver, aqui, e que esse seja um motivo,

para que volte.





POR FAVOR, DEIXE OS COMENTÁRIOS NOS POEMAS, APENAS.

CASO CONTRÁRIO ACABARÃO, POR PERDER-SE, AQUANDO DA

RENOVAÇÃO DO BLOGUE



apsferreira



quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Mulher Bela, porque choras?

Diz-me, Bela Mulher,
porque chora a tua alma
e o teu coração, não se acalma,
diga-te, ele, o que te disser.

O que tens tu, Bela Mulher,
de meigo olhar, como nunca vi?
Que se passa em tua alma; em ti,
que o teu coração não quer?

Mulher Bela, esta vida,
Para que seja bem vivida,
Há que olhar suas belezas.

É, que ela passa de corrida
e, afinal, só temos esta vida...
Não a gastemos, com tristezas

apsferreira

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Orgia

É doce, o teu sorriso - encanta,
quando, o brilho de teus olhos, se agiganta...

E eu premito-me, então, me soltar...
E em minha alma se levanta,
um insondável desejo, de te abraçar.
De, por volúpia, te amar...

Beleza, tu és a minha leviandade!
És meu pensamento, posto em liberdade!
Viagem, à puberdade!
Tu és desejo, com ansiedade,
em mente tomada, por afagia,
quando o carinho, se transforma, em orgia.
Na boca ferve a febre de beijar;
(sinto as glândulas a salivar...)
Desejos, que queimo, em teus lábios
e nos teus movimentos, sábios,
onde me deixo derramar,
por, entre, os teus perdidos gemidos, garridos,
que logo, logo, os sinto, entorpecidos.

apsferreira

Essa tristeza, tua...

Rodo, em torno de ti - rodo
e não encontro razão,
Para, que, em teu coração, haja tristeza.
Tu és doçura; tu és pura beleza...
Tu és muito desejada, com certeza,
pois, de encanto, tu tens fartura...

Porque vives tu, nessa amargura?

apsferreira

sábado, 26 de dezembro de 2009

Desalento

O meu coração sente-se apavorado - treme
O meu coração sente-se aflito - implora
O meu coração sente-se dolorido - geme
O meu coração sente-se ferido - chora
O meu coração sente-se só - chama
O meu coração sente-se injustiçado - recrimina
O meu coração sente-se perdido - sufoca
O meu coração sente-se frustrado - desanima

O meu coração sente-se desanimado - nada faz


apsferreira

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Sinto-te, aqui...!

A poesia é encanto, se é amor.
É pranto, se é dor,
mas, na mesma, é encanto...

Ela flui, entre gente.
Brota... Envolve-nos, num repente!

Basta-se, para fluir, pelo ar;
Para chegar, a qualquer lugar.

A poesia é diferente...!
Por isso, a gente a sente...
Esteja-se longe, ou esteja-se perto.
Basta, que se conjugue o verbo amar
e ela flui, pelo ar...

apsferreira

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

...

Compraria, a tua tristeza.
Compraria, a tua solidão.

Olharia, a tu beleza.
Seguraria, a tua mão.
Pediria, com gentileza,
um lugar, em teu coração.

apsferreira

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Natal, do João.

És gordo e velho, Pai Natal!
Tu nunca te lembras de mim!

E eu não sou tão mau, assim...
Só brigo, quando jogo à bola...
E, se roubei pão de alguma sacola,
Era sobra... É que, lá, na escola,
Quando peço, riem-se de mim.

O João mão-leve, vai ter uma vídeo-consola...
Eu continuarei, a brincar na neve.

apsferreira

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Aconchego.

Que lindo é o teu sorriso.
Tem a paz, que eu preciso.
Tem a luz, que procurei, em vão.
Ilumina, a minha escuridão...

apsferreira

domingo, 20 de dezembro de 2009

Lua, minha ...

A lua é o teu encanto...
Leva, o teu coração, ao pranto!
Pois, tu deixas-te enfeitiçar,
Pela serenidade, do luar.

Lua, porque tu me atrais, assim?
Que tens tu, que é de mim?
Porque me fascinas, deste modo?
Porque, em ti, sempre, me acomodo?

Tu és sonho. És esperança e vida.
Em ti, eu sinto-me, acolhida...,
Na necessidade de me refugiar.

Tu fascinas-me, de um tal modo...
Eu, em torno de ti, eu rodo e rodo.
Fazes-me, o meu amor, ir visitar.

apsferreira

sábado, 19 de dezembro de 2009

Poeta Moribundo.

Desfaleceu, o Poeta.
Morreu, a palavra.
Evaporou-se, a beleza,
com, que a lavra.
Socorram-lhe, a Vida!
Aconlham-lhe, a Alma...
Rescucitem-no, da dor.
Façam-no, por amor.
E à Arte, querida.

Ajudem-no, a se levantar.
Ajudem-no, a caminhar.
Ajudem-no, a saciar,
a fome de Amar.

Não o deixem, expirar...

apsferreira

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Incoerência

Que terei eu feito, afinal, para merecer,
tanta, felicidade, nesta vida?
Eu vejo, tanta, criança sofrida,
quantas, antes de nascer...

Que terei eu feito, afinal, para merecer,
nesta vida, tanta alegria?
Eu vejo, tanto, bébé a nascer
e morrer, no mesmo dia...

Que terei eu feito, afinal, para merecer,
tanto aconchego, nesta vida?
Eu vejo, tanta criança despida
e sem ter o que comer...

Que terei eu feito, afinal, para merecer,
todo este amor, que me rodeia?
Eu vejo, tanta, criança infeliz,
só, em sofrimento, a padecer...

Que teria eu feito, afinal, para merecer,
ter pão, para comer, em cada dia?
Eu vejo, tanta, criança a nascer,
tal e qual, eu o fiz, naquele dia...

apsferreira

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Adeus dos Lírios

Hoje, fui ao teu encontro.
Avistei, em teu jardim,
Flor, bela e perfumada.
Odor, melhor, que jasmim.

Flor, viva? Borboleta?
Tinha aroma a ternura.
Do mel, tinha a doçura,
Sabor, da sua silueta.

Venerava botão de rosa.
Saltitavam, seus delírios.
Flor, viva, tão formosa?
Borboleta, sobre lírios?

Eles estavam de despedida.
Terminara a temporada.
Desejavam-lhe, feliz vida.
Vida em amor, renovada.

apsferreira

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Declaração de Amor

Querida, linda, amor, quanta saudade...
Até, a ti, leva, o vento, esta minha vontade.
Como queria eu poder, agora, te abraçar.
Dizer-te, quanto te amo e poder te beijar.
Sentir o teu amor, o seu calor, a sua fecundidade.

Querida, linda, amor, isto é a saudade,
Pelo amor, que, por ti, sinto, de verdade.
Como, queria, eu, poder, sentir-te; tocar-te...
Encontrar meios, modo, ou qualquer arte,
De por termo a toda esta iniquidade.

Querida, linda, amor, faz-me a saudade,
Sentir teu calor, teus beijos; a sua intensidade.
Arder meu ser; minha alma, na fogosidade,
Dum sonho, que um dia se tornará, em realidade,
Por ser filho da nossa, sincera e mútua, vontade.

apsferreira

A Lágrima

A lágrima é a triteza, que escorre,
de um suspiro, que se esvai,
num, sorriso, que se desenha.
É a saudade, que descai,
em face entristecida,
por carência de vida.
É pérora de sonhador,
que mistura alegria e dor
e esmorece, por amor.

É coração, angustiado.
Dor de peito, agastado,
tomado, por amor.

A ausência é dissabor.
O presente é o passado...

Lágrima é a saudade, que seca,
sobre a saudade, que já secou;
sobre a recordação, que voltou
e teima em não ir embora.

Nasce de coração, que chora,
transformado em pileca,
quando está côa breca.

apsferreira

domingo, 13 de dezembro de 2009

Mãe...

Mãe, hoje, seria dia, de alegria, redobrada.
Como te queria, ainda, aqui, entre nós.
Quanta saudade vive, em meu coração.
Quanta dor; quanta angústia senti, eu, então.
Lembro o teu semblante; a tua carícia; a tua voz.
Partiste, nesse dia, sem que me dissesses nada.

Neste dia, a tua vinda ao mundo, era celebrada.
Gostaria de poder estar, contigo, um pouco, a sós.
Ollhar-te e dizer-te, segurando a tua mão,
Que apenas, hoje em dia, eu tenho a noção,
De, como o tempo, como a vida passa, veloz.
De, quão poucas foram, as vezes, que te disse, obrigada.

Agradeço dedicação; ternura; carinho. Quanto me deste.
O que, por mim, te sacrificaste; o que, por mim, fizeste.
Agradeço-te, principalmente, o teu incondicional amor.
A tua pertinente presença, em momentos de dor.
A tua tolerância, quando, contigo, eu era agreste.
E, tudo o mais, que de tua vida, a mim, me deste.

apsferreira

Que faço, agora?

Paz,
Onde estás?
Foste-te embora?
E que faço, eu, agora?
Quanto eu lutei, por te manter.
Não gosto de sentir, o meu coração, doer.
E sinto, que me estás a escapar.
Eu tenho, que escolher.
Que fazer, agora?
Ir embora?
Não.

Se não, eu ia-te perder...

apsferreira

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Filha das Ondas do Mar

Tu és filha das ondas do mar...
Que têm a alma das sereias
E misturam-se, com o silêncio do luar...
Que têm a voracidade do tubarão!
Que aquirem a força do furacão
E se voltam a senenar.

Ora, mostram-se tranquilas; refletem as estrelas!
Ora estão turvas;entram em turbilhão...!

Tu és filha das ondas do mar...
Que, por ondas traiçoeiras,
Bates, em mim, de todas as maneiras.
Bates, em mim, como nos rochedos,
Elas, também, o fazem, assim...
De um modo, constante,
Persistente,
Desgastante,
Sem parar...,
Pois, o que querem, é as conquistar...

Repelidas, voltam e voltam,
De levinho...
Ou com pujança,
Como, se fossem feitas da imortal esperança!
E de uma paciência, sem par...!
Que , em persistência milinar;
Numa insistência, extenuante...,
Firmam-se, no seu acreditar,
Que acabarão, por as desgastar!

E tu, nisso, já reparaste!
Que, elas, nem pensam em desistir...
Que, nesse impávido ir e vir,
Fixadas no seu objectivo,
Continuam a tentar, a tentar,
Num nunca mais acabar,
Tentando bater, quanto baste,
Até, que, por entre elas, consigam penetrar.

E, lá, as vão moldando....,
Devagar, devagar...
Vão abrindo brechas...
E, por elas, penetrando...
Como se fora, essa, a esseência, de sua existência
E nada mais importar...!

Não existe o tempo; Não mostram desgaste...
Pois, doseando-se, quanto baste,
Fazem isso, sem parar.
E, tanto de noite, como de dia,
Continuam, sempre, a malhar, a malhar, a malhar...

Batem forte;
Batem ameno.
E, por vezes, tão de leve;
Tão sereno...
Como se estivessem a descansar.
Estão se repondo em energia...
E, enquanto, não se fazem sentir,
À dor fingem, amnistia...
Ora, se ouvem a rugir,
Ora, a murmurar...
Ora, as vemos, a se espraiar.
Quantas vezes simulam, rir...
Quantas simulam, brincar...
Todas, fazem-no, a fingir,
Para, o marinheiro se aventurar...

Porém, num repente,
Tomadas, pela obsessão, doentia,
Já, que esta é a sua única via,
Batem forte, novamente,
Sem, com nada, se importar,
Batem, batem, batem, sem parar,
Pois, tudo o que querem, é penetrar...

Tu és...
Tu és onda de mar...!
Carregas, a mesma esperança...
Ora, te vestes, com pujança,
Ora, ostentas a serenidade, do luar...
E, tal como elas, tu jamais desistes!
Insistes, insistes, sem parar.
Presistes, com confiança,
Nesta ideia de me tomar.
De abrires, essa tal brecha,
Por onde consigas penetrar.

Contudo, tu esqueces-te,
De um aspecto, crucial...
Tu não passas de uma simples mortal!
E, que o mar no seu bater,
Que tanto imitas, no teu ser,
O mesmo, que desgasta a dura rocha;
O que, nela ,abre a tal brecha;
E que, por ela, penetra, em flecha,
Depois, de a desgastar,
Fá-lo, há séculos, sem parar...!

Tu esqueces-te, do principal!
Lembra-te, ó pobre mortal;
Lembra-te, que, esse, já é milenar...!

apsferreira

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Esperança

Esta luz, que acendeste, em minha alma,
Embora, seja tão serena,
Tão doce,
Tão calma...
É uma luz, que trepida,
Pois, é plena em vida!

apsferreira

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Botão de rosa

O teu sorriso; esse livro aberto,
Escrito, pelo amor, decerto...
Onde assimilo a ternura,
Da brandura de tua essência,
Quando nele descança a minha alma e desperta
E, atiçada, ralha, com a vida, incerta.

Sente-se cansada de ver a pobreza.
De ver a fome; de ver a avareza.
De ver a dor, disseminada,
Em milhões de vidas, plantada,
Vidas, que são tidas, como se não valessem nada...
Para quem, por contradição, as tem na mão.

O teu sorriso, é remédio, por excelência,
De contrastes e contradições.
É onde descanso, minhas emoções.

É um botão de rosa eternizado;
Meu por de sol, prepectuado.
O ocaso de cada jornada vivida;
Sofrida...,
Por onde pregrina a minha vida.

Onde me acolho nas horas de agonia,
Perante, este absurdo sofrimento,
Nascido do dissiminado desamor.

É onde me resguardo, da tanta dor,
Que, a cada momento,
Sem um mínimo fundamento,
Eu vejo eclodir, em minha volta.

Por todo o lado vejo revolta,
Num mundo tão complexo,
Incontestavelmente, incoerente,
Que me deixa preplexo!

Que me deixa boquiaberto
E, em mim, gera tristeza.
Nele, eu não vejo nexo,
Como o encontro, quando o preciso,
Nesse teu sorriso; o meu paraíso.
Meu repouso; meu livro aberto...,
O seu tão fidedigno reflexo.

apsferreira

sábado, 5 de dezembro de 2009

Euforia (Saudade)

Minha felicidade é imensa
Minha alegria é intensa
Não sei, o que hei-de dizer
Nem sei, o que fazer
Se hei-de me calar
Se hei-de comentar
Se hei-de, ao mundo, gritar!
Esta emoção tenho, que controlar...

Acho o melhor, ir-me deitar...
Sei, que contigo irei sonhar
Teu cabelo acariciar
Tua mão segurar
Os teus lábios irei beijar
Nunca mais quererei acordar
A não ser, para, a teu lado, ficar.

apsferreira

Vem, meu amor...

Meu amor, tu onde estás?
Aterroriza-me o soprar do vento;
Aterroriza-me o meu tormento.
Por favor, tu não te vás...
Agarra a minha mão,
Acalma o meu coração,
Pois, contigo, em pensamento,
Sinto o bater de teu coração.

Meu amor senta-te, aqui.
Deixa-me olhar, para ti.
Viver o sonho, que acalento.
A intensidade, deste momento,
Quando atravessas o imenso mar,
Para que eu te possa tocar,
Pois, que se sendo, a sonhar,
Concretizo-o, tal como o previ.

Meu amor basta-me saber,
Que este é, também, o teu querer,
Para, em minha imaginação, voar
E, em ti, me aconchegar.
Saborear, esse teu beijo,
Que eu, em meu amor, almejo.
Sentir, esse teu calor,
Que me conforta a dor.

apsferreira

Os teus olhos.

Teus olhos contam a tua história.
Uma história triste, inglória,
Cheia de momentos, amaldiçoados,
Por uma vida, plena em atropelos,
Que guardas em má memória
E que, em teus silêncios, estão estampados.

Na tua cara reflete-se, uma alma andrajosa;
Reflete-se um coração, despedaçado,
Onde o sofrimento se deixou, ancorado.

Despenteados, pendem-te os cabelos,
De desmazelo, untados,
Que com teus lábios rebentados,
Falam de tuas olheiras,
Feitas de contínias canseiras.
Feitas, por esse teu ente, amado
Com punhos e cotovelos,
Quando fica descontrolado,
Ao rebuscar-te as algibeiras,
Pois, lá, já não encontra os trocados.

Os teus atributos, desgastados,
Outrora tuas bandeiras,
Já não há quem os queira tê-los
E tu sentes os teus dias, contados...

Sem qualquer pudor,
Sugou a tua vida.
Viveu do teu amor.

apsferreira

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Amor é Liberdade

Quem, melhor ama, do que tu,
Ó passaro, de coração nu,
Pleno no mais puro amar,
Que nessa tua fidelidade
Dignificas a liberdade;
Mostras ter um carácter, sem par?

Quem tem mais liberdade, do que tu,
Ó passaro, de coração nu,
Que tens asas, para voar
Mas, que, ao fim de cada dia,
Vejo-te, transbordante em alegria,
Sempre, te recolheres ao teu lar?

Diz-me, ó passaro, porque é que o humano,
Que tem as asas na sua mente,
À liberdade, não se consente,
Pois, em seus voos, ao deambular,
Dela faz uso profano,
De o, que se parece orgulhar...

apsferreira

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Homem chora...?

Não sei, porque choro, mas choro.
Mas, que equivico tremendo!
Que tremenda contradição...
Eu gosto de chorar,
Porque, eu sei, que quando choro,
Há amor, no meu coração.
Eu, às vezes, não me entendo...!

apsferreira

domingo, 29 de novembro de 2009

Paixão

Paixão é sentimento, em explosão.
É arrebatamento.
É possessão do pensamento.

É a ilusão, que destila da alienação,
quando se perde a noção
e a razão, viaja em cortra-mão.

É a loucura, que se apropria do coração.

É a febre; é o frio; é o calor,
que surge num repente,
quando, dentro de a gente, se sente um coração doente,
por êxtase de ódio e de amor.

É a felicidade assente, na delicerante dor.

É a agridoce obsessão.

É a entrega, do pensamento, à prisão.

É a alienação da razão,
por promíscua submissão à desilusão.

É o coração que padece,
porque a alma adoece,
quando se rejuvenesce, em preeminente transgressão.

É a abençoada chama, que, amaldiçoada,
cai, sobre nós, como um véu
e nos faz viajar, entre o inferno e o céu.

É a amaldiçoada chama, que, abençoada,
nos faz fervilhar em vida
e, à nossa alma, nela, absorvida,
por alienação da razão,
ora, a faz sentir-se ardente; agradecida;
ora, a reduz a cinza a pó e a nada.

apsferreira

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Que faço da saudade?

Que faço da saudade,
que se apossa de mim,
que te traz a cada momento,
que monopoliza o meu pensamento,
que me faz sorrir, assim?

Que faço da saudade,
que, comigo, passeia ao relento,
que é minha amiga e companheira,
pois, em mim, entrança
a tua doce lembrança
e a cada momento,
a transforma em esperança?

Qu faço de uma saudade,
que não traz sofrimento,
que adorna o meu sentimento
e o enriquece, assim?

apsferreira

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Encanto, que eu canto.

Eu canto o encanto, que me encanta,
porque, à minha alma, a levanta,
em siblime sensação - desmedida,
quando se entrança, em minha vida,
este encanto, que tanto me encanta,
a, que a minha alma se entrega, desprevenida.

apsferreira

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Desalento

O teu silêncio é luz apagada.
Faz-me vaguear, pela incerteza,
de, por numa atitude inusitada,
ter nutrido minha alma, com tristeza.

Tomei suco de honestidade,
que me soube a fel, de dissabor.
Tratando-se de uma questão de honor,
impunha-se-me, essa necessidade.

Porém, ao se abrir o nosso coração,
para que se alivie, uma qualquer tensão,
Quase sempre, acaba-se, por o fazer sangrar...

E perante, tão aberrante contradição,
sentimo-lo vazio. E esta é a sensação,
que, de todas, é a pior de se suportar.

apsferreira

domingo, 22 de novembro de 2009

Vida minha...

Vida minha..., tu voltaste?
Tu anuncias-te, em hora de prosseguir...!
A estada, neste estado, já é longa.
Ah, vida minha...
Como, de ele urgia eu sair!

Vida minha... mas, como tu demoraste...!
Deixaste-me votado à solidão,
de delonga, em delonga, a flutuar,
em busca de uma solução...
À procura de um caminho a seguir...
De qual, o desíngio a abraçar;
de como te fazer fluir...
Do melhor modo de te vivenciar!
Ah, vida minha...
Quantas vezes eu preciso de te exculpir...!

Vida minha, diz-me, então...
Foi, por isso, que me abandonaste...?
Apenas, por eu hesitar...?
Por não saber, o que fazer,
nem, por o que me haveria de dicidir...?
Apenas, por eu não encontrar
o caminho, que eu era suposto seguir,
para te concretizar...
Para concretizar, em mim, o projecto,
que tu própria o ditaste...?

Ah, vida minha... Como é bom sentir,
que tu voltaste...!

apsferreira

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Prostração

Tu és a Terra, que eu quero lavrar.
Onde, quero semear o meu amor.
Misturá-lo, com o seu odor
e, com ele, nela me entranhar.

Tu és terra rica, abençoada,
por vil pecado, desprezada.
onde não houve suor pingado!
O teu âmago foi ultrajado...

Tu és um chão, em minha vida,
onde, eu projecto o meu estar;
onde, alimento o meu ser...

Onde, prostrar-me, me dá prazer!
Onde, eu sinto me reencontrar...
Onde, edificarei a minha jazida!

apsferreira

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Apela ao Coração...!

Se a dor se apropriar do teu coração,
lembra-te do coração dos demais...
E lembra-te, que hão outros vitrais,
que, decerto, o teu âmago alegrarão.

Tem Fé... E aos outros, não faças,
o que não gostaste, que te fizessem, a ti.
Por favor, pensa antes de te ires daqui!
Não vês, que outros corações despedaças...?

Fugir, na vida, nunca foi solução...!
Nem, tampouco, bom, para ninguém.
E então...? Apela ao teu coração...!

É, que este mundo é, exactamente, assim.
Verás, que ele te renovará, como convém!
A todos! A ti...; aos outros...; e a mim.

apsferreira

sábado, 14 de novembro de 2009

Enganos...

Olhos, que vêem, o que não existe...
Coração, que sabe disso, mas não desiste...

Vida, que, por isso, se estraga...
Por se deixar levar, pela vaga.
da espontânea fantasia,
que, em minha mente, se cria...!

Vida, apanhada, em cilada,
por minha imaginação, desvairada,
que, a cada momento de meu dia,
a lerda esperança afaga.

E, assim, eu levo a minha vida...

apsferreira

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Obsessão

Eu sei,
como tu querias, já, ter-te ido embora.
Mas eu não me consigo, daqui arredar...
Não, agora...
Sair daqui?
Do pé de ti?
Deste lugar?
Nem pensar...!
Este sentimento, que, por ti, acalento...
Eu nunca iria suportar!
E, mesmo, sabendo, que te queres ir embora,
eu prendo-te a este momento
e não te premitindo falar,
amarro-te ao meu tormento
e não te deixo abalar.

Pode, até, ser, apenas o teu semblante...,
esse teu respirar...,
ou, a tua sombra a aqui estar...
Mas, para mim, isso é mais do que o bastante!

E eu deixar-te ir embora...
Eu não o consigo!
Nisso, eu nem quero pensar...
Faz sentir-me perdido!

Por isso, eu não o consinto.
Falo, invento pretextos; minto...
Para, aqui, te amarrar,
Tal e qual, como tu me amarras, sem, sequer, pensar nisso.
Sem nada fazeres, por isso...
Basta-te, a ti, seres!
E, a mim,
basta-me sentir, o teu sereno respirar.
Observar, esse teu delicado estar.
Imaginar, um teu miminho...;
um teu carinho,
que eu arranco, dessa tua ausência,
transformando minhas mágoas em prazeres.
Por isso, dispenso a tua anuência
e obrigo-te a, aqui, ficar,
mesmo, sem tu o quereres.

Sei, que esse nunca seria o teu intento...
E, assim, a tua ternura..., essa, eu invento!
Pois, eu preciso, tanto, de ti, aqui...
Faço, dela, o meu álibi...,
pois, se não, eu desespero.

Sabes, minha querida...?
É, como se tu fosses a minha própria vida,
por isso, eu tudo tolero...

Eu vejo-te espreitar as horas...,
sem parar!
Em, mal disfarçados, olhares, de esguelha...
Constantes...,
pelo canto de teu olho...,
entre esses teus sorrisos,
com que disfarças o teu mal estar,
enquanto, à paciência, imploras...
São momentos embaraçantes;
desgastantes...,
mas, que me são tão precisos,
que eu, tudo, finjo ignorar,
na esperança de, em ti, acender uma centelha...

Assim, eu seguro-te!
Eu preciso de te segurar...!
E, por isso, eu falo, falo, falo, sempre, sem parar...
Eu preciso, pelo menos, garantir,
que tu não irás partir,
sem, primeiro, me prometeres voltar.

Porém, cada instante insinua-se, como o derradeiro...
E eu continuo a falar, a falar,
pois é-me vital, que me prometas, primeiro...
que logo...
que, no máximo, amanhã...,
que, logo, que o puderes!
Se não, que seja, quando tu o quizeres...!
Mesmo, que seja em promessa vã.
Mas, por favor, promete! Eu te rogo...
Promete, que nos voltaremos a encontrar.

Minha querida..., meu amor...,
Faz-me isso, por favor!
Tu sabes o quanto eu te adoro...
E é, por isso, que eu te o imploro!
Se tu o puderes...,
Por favor, finge, que, também, tu o queres!
Tenta... Tenta te esforçar...!
Sorri e promete, que este momento se repete...
Se não, por favor, apenas, promete,
que nos voltaremos a encontrar.

apsferreira

sábado, 7 de novembro de 2009

A Rajada

Tu foste a rajada de vento,
que arrombou minha janela.
E eu tinha-a, tão bem trancada...!
Agora vejo-a escancarada...
Como receio, que te vás, por ela.

Tudo, tu fizeste estremecer,
quando entraste em rajada.
E eu, radiante, sem temer,
logo corri, a fechar a janela...
Queria ver-te, em mim trancada!

Nesse intante, tudo desabou...
A estrutura; o alicerce abalou!
Senti a minha alma, devastada...
Porém, sei, não querer mais nada...!
Apenas, o que, em rajada, chegou.

Chegou-me um caos, em alegria...
Uma devastação, tão sonhada!
O pão, que me faltava, em cada dia.
E tudo mais, que eu tanto queria,
para a minha vida, que não tinha nada...

Sinto, agora, o meu coração cheio
e a minha pulsação acelerada.
Sinto a minha alma renovada...
E sinto-me feliz, porque perdi o receio
do encantamento, da bela vida, alvoraçada.

apsferreira

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Saturação

Sinto-me cansado...
Preciso de me desligar!
E é urgente apagar,
todas as pegadas,
que ficaram marcadas,
no meu caminho, palmado.
Não o quero recordar.

Não as quero recordar...

Sinto-me cansado...!

apsferreira

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Meu Crédulo Coração

Como troçam de meu amor,
Por ele se moldar, com pureza
E, por ele, em sua simpleza
Abraçar, com ingenuitade a dor.

Por sonhar, com o prometido,
Como se fora a certeza...
Senhor, mas quanta singileza
Tem um coracão dolorido.

E quanta incredulidade...!
Sublinha a incompreensão.
Porém, já nem isto o atrofia...

Pois, essa é a sua única via...
A que trilha, este meu coração.
A única, que conhece, na verdade.

apsferreira

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Apatia

A temática de meus dias, somados…,
Eu enfeito-a, com a fantasia,
Quando a remoo, em cada dia,
Em minha alma e coração cansados.

Pinto-a, com sentimentos desbotados
Retoco-a, com tingidas alegrias,
Que destilam das vivencias vazias,
Que sustentam, estes, meus dias, enfadados.

Ténue esperança é, esta, que em mim vive, ao relento,
Que, como, uma nesga de luz, em porta entreaberta,
Dá, à minha vida, este seu tom cinza pálido

Desmente esse pretensiosismo cálido,
Com que, porque apático, se acoberta
O meu coração, a cada dia, mais rabugento.

apsferreira

domingo, 25 de outubro de 2009

Privação

Vida minha…, tu voltaste?
Tu anuncias-te, em hora de prosseguir…!
A estada, neste estado, já era longa.
Ah vida minha…
Como, de ele, urgia, eu sair!

Vida minha… mas, como te demoraste…!
Deixaste-me votado à solidão,
de delonga, em delonga, a flutuar,
em busca de uma solução...
À procura de um caminho a seguir…
De qual, o desígnio a abraçar;
de como, te fazer fluir…
Do melhor modo de te vivenciar!
Ah vida minha…
Quantas vezes eu preciso de te esculpir…!

Vida minha, diz-me…
Foi só, por isto, que me abandonaste…?
Apenas, por eu hesitar…?
Por eu não saber, o que fazer,
nem, por o que haveria eu de me decidir…?
Apenas, por eu não encontrar
o caminho, que eu era suposto seguir,
para te concretizar…
Para concretizar, em mim, o projecto,
que tu própria o ditaste…?

Vida minha… É, sempre, tão bom sentir,
que tu voltaste…!

apsferreira

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Almas ao Leú

Em tarde quente
De seco verão,
Eis, que, de repente,
Surge o trovão!
A chuva canta…
É a música da vida!

A folhagem dança,
Trémula, em alegria, perdida!

Generaliza-se a emoção.

A terra mãe ressequida,
Ávida, reconhecida,
Agradece,
Em nome da prole,
Que, refeita em vida,
Já não padece…


O homem sorri,
Pois, o homem sente,
O cheiro quente;
O cheiro fértil,
A terra molhada.
A vida renovada!

Salvou-se a ceara…!
Enche-se o cantil,
De entusiasmo febril.

Em explosão de energia,
Ressurge a vida.
Põe-se a mesa,
Senta-se a certeza,
Serve-se a alegria,
Da esperança renascida.

Lágrimas de harmonia;
Pingos cristalinos,
Caídos do céu,
Em pranto de amor,
Gerados, pelo furor
Dos abraços divinos,
Às almas ao léu.

Entusiasmada à beça,
A flor, desempoeirada,
Vive a promessa,
De vida renovada.

De face lavada
Regozija-se o arbusto,
Em franca euforia,
Refeito do susto.

Nessa tarde de verão
O passarão trina
E tudo se reclina,
Em generalizada comunhão,
E, à surdina,
Gera-se a oração,
De gratidão,
Pela graça divina.


apsferreira

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ilusão

Olhava-a,
Via-a,
Até lhe tocava.
Sentia-a,
Mas, ela não estava lá…

Sorria,
Consentia,
Sorria e sorria…
Falava
E concordava…
E, até, correspondia.
Mas, ela não estava lá…

Sonhava,
Viajava,
Olhava-me.
Sorria e sorria…
Mas, não me via.
E eu estava lá…

Não me calava,
Brincava,
Esforçava-me…
Mirava-a.
Babava-me.
Até me exibia.
De tudo fazia…
Pois, o que eu mais queria,
Era, que ela estivesse lá.

apsferreira

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Absolvição

De minhas lágrimas, o salgado
e de teus lábios, a doçura,
misturam-se, com tanta brandura,
que iliba, o nosso amor, de pecado.

Ao tocar o teu corpo, suado,
tomado, por tua formosura,
acaricio-o, com tal ternura,
que iliba, o nosso amor, de pecado.

Tu moves-te de tal modo, ousado,
que a tua inocência conjura,
mantendo-nos, em clara clausura,
que iliba, o nosso amor, de pecado.

E, por teu suor, então, molhado,
depois de vivida, essa loucura,
fazemos, do leito, a sepultura,
que iliba, o nosso amor, de pecado.

Ao despedirmo-nos, desolado,
apreso-me na tua postura,
sensual, mas tão inócua e pura,
que iliba, o nosso amor, de pecado.

Recordando-nos, apaixonado,
- é o sentimento, que em nós perdura -
em nossas almas vejo a brancura,
que iliba, o nosso amor, de pecado.

apsferreira


Glossário:

Clausura - Aprisionamento; Restrinção
Conjura - Trai; Conspira; Atenta
Inócua - Inocente; Inofensiva
Perdura - Prevalece; Dura muito

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mundos

Olhar parado, com um ar de fadiga
Mente melada de alegrias frustradas
Alheada dos mundos, que têm vida
Jaz a sua alma, sobre escusas forjadas.

Passos, que lhe trazem visitas fingidas
Vozes, que falam e não lhe dizem nada.
Sorrisos pintados em faces ambíguas
Mimos oferecidos de mão beijada.

Olhos, que fitam almas, espavoridos
Pelas trocas dos olhares, que os rodeiam
E cúmplices afagos de compaixão.

Dados por entes, que lhe foram queridos
Pávidos, vêem, como lhe remedeiam
A dor, que lhe devastou seu coração.

apsferreira


Glossário:

Afagos- Carinhos
Ambíguas- Duvidosas; Incertas
Espavoridos- Apavorados
Forjadas- Arranjadas; Improvisadas
Pávido- Cheio de Pavor

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Fogos de Palha

A manta, com que a minha alma se agasalha,
É feita, com memorias e retalhos,
Colhidos nos caminhos e nos atalhos,
Onde lavraram os nossos fogos de palha.

Onde se fizeram cinzas, entre orvalhos,
Os sentimentos caídos, entre a malha
De nossas pressas, receios e outra tralha,
Que fizeram, de nossos sentimentos, espantalhos.

Trocamos as nossas vidas, por esses momentos...
Momentos, que transformamos em ambições;
Ambições, que não concretizamos, em nossas vidas...!

Vidas, que as vemos, agora, percorridas,
Vivenciadas, nesta carência em nossoso corações
Arrependidos, porque esvaziados e sedentos...

apsferreira

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Incúria

Estes desejos que, sempre, em mim, suscitas…
Este modo tão vil, como tu me excitas…,
E, que nos meus olhos, eu te vejo a lê-los,
Quando usas frases secas, mas tão bonitas;
As que peço, sempre, tanto, que as repitas,
Enquanto eu acaricio os teus cabelos.

Tu és a beleza! E a quanto tu me incitas…
Em turbilhão de sentimentos eremitas…
Os que o teu ego, sempre, reclama vê-los!
Por entre teus sorrisos, beijos e fitas
Tu és rainha, em momentos, que premeditas;
Madrasta, em meus sentimentos e desvelos.

Judias de meu coração, penhorado,
Que tomas, com as garras de teu feitiço,
Com esse ar teu, que desafia o juízo.
Então, vendo-me, perante ti, prostrado,
Mesmo, que tendo consciência disso,
Passeio contigo, pelo paraíso.

apsferreira



Glossário:

Desvelo – Cuidado carinhoso; Dedicação
Incúria – Falta de cuidado; Desleixo; Falta de aplicação.
Judiar – Fazer diabruras; Fazer judiarias
Judiaria – Diabrura; Travessura; Perraria (fazer zangar); Maldade; Maus-tratos
Prostrar – Abater; Humilhar; Subjugar

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Gentes (Águas)

Como, as águas, são enganosas!
Dizem-se insípidas,
Mas eu acho-as tão saborosas…!
Se são límpidas;
Transparentes;
Agradáveis,
Convidam-me a debruçar-me sobre elas…
A lavar as minhas mazelas.
A beber da sua frescura.
A testar a sua textura…

E quanta transparência elas aparentam…
Mas, se tento olhar através delas,
Logo se escondem, por detrás de mim,
Troçam da minha feição,
Imitam a minha expressão,
Retratando-se com ela…
E gozam com a minha aflição,
Como se nada importasse, tanto assim…
Fazem seu, o meu rosto,
Espelhando-o na sua tez…
E tentam ludibriar-me, outra vez,
Quando o moldam a meu gosto.

Fazem-no dançar, sobre elas…
Querem ler na minha alma,
Inquirir a minha calma,
Mas a nada me intimidam.
Eu afrouxo as cautelas…
Deixo, mas minto…!
Retrato-me, em minha face,
De formas tão diferentes.
Camuflo o que sinto…!
Deixo-as zombar de mim…
E eu minto, minto e minto,
Pois, elas, a tudo, me incitam.

Eu aceno-lhes, com o virtual…,
Mostro-lhes o banal;
Recrio imagens de minha vida,
Exibo-lhes semblantes sorridentes…;
Doces expressões;
Calmas…,
Até penitentes,
Como, as próprias das boas gentes!
Ou, outras,
Próprias de corações ardentes…;
De corações de outras pessoas,
De nobre carácter e de maneiras boas,
Que eu sei serem tão diferentes…!

E neste brincar constante,
Vão trazendo-me gente e gente…,
Em cadeia incessante!
Num desfilar permanente…
Pessoas, que, na vida, dançam comigo
E, outras, que me embalam,
Quantas delas, como se, por castigo!
As, que me amainam, com sorrisos,
Com carinhos, sempre, dados,
Em moldes tão cuidados,
Quando os acham precisos,
A quem elas julgam ser demente,
Ou, de vida, pobre em gente.

E fazem-no naqueles momentos,
Em que eles, mais me são tão precisos…!
E, mesmo, eu sabendo-os indiferentes,
Salteados de enigmáticos sorrisos
E conselhos impertinentes.
De igual modo, eu acolho-os, com sorrisos…

Levam-me a passear, pelos tempos,
Por veredas e caminhos:
Os que gostaria de ter percorrido…
E eu sinto-me, ludibriado!
Mas, também, constrangido…
Porventura apaziguado…!
Eu nem sei, como o consigo…

E rindo-se, do que a vida me fez,
Voltam a espelhar-me, outra e outra vez.
Até, que eu me sinta conformado;
Até, que eu me mostre convencido;
Até, que me imponham a sua sentença!
Até, que, por fim, eu me convença,
Que, em minha vida, nada valeu a pena,
Porque a minha alma foi pequena.

apsferreira

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Consequência

Fizeram-te de desejos e de euforia,
Em momentos vividos, com intensidade…
Fazes-te de sorrisos e com harmonia,
Em amores, que não existem na verdade!

Fizeram-te da carne e da vã emoção,
Em momentos vividos, com intensidade…
Fazes-te de fervor e de fantasia,
Em amores, que não existem na verdade!

Fizeram-te de prazer e copos de vinho,
Em momentos vividos, com intensidade...
Fazes-te de lerdo afecto e carinho,
Em amores, que não existem na verdade!

Fizeram-te de impulsos e negligências,
Em momentos vividos, com intensidade...
Fazes-te de apegos e de vãs apetências,
Em amores, que não existem na verdade!


Fizeram-te das heranças, que tu carregas,
Desses momentos ocos, em intensidade...
Fazes-te de, esquivas, vivências e entregas,
Nos teus amores, pois não o são, na verdade!

apsferreira

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Timoneira de Amor

Quando enfeitas, com sorrisos, essa tua amargura
E, por magia, o encanto da tua vida amanhece,
Derramas o teu carinho no coração, que padece
E na áurea das alminhas, que abraças com brandura.

É então, que tu vagueias, plena de amor e doçura
E, enquanto, espalhas esse carinho, que em ti floresce,
Enfeitiça-se o Sol pela Lua, porque o enternece
E por te ver repartir abraços, com tanta ternura.

Assim, invadindo este teu mundo; esse que te rodeia…
Embarcada na caravela; a que te leva ao destino;
A que navega, pelas vagas das dores, que abafaste,

Mergulhas em revoltas ondas; pescas a dor alheia.
O leme…: leva-o o teu doce olhar e perspicaz tino!
Tuas dores…: espalhaste nos mares, que navegaste…

apsferreira

sábado, 20 de junho de 2009

Malogradas Gentes

Embalado pela fonte, que goteja,
Pelo relógio, no seu trabalhar,
Muito, pelo meu coração, que peleja…
Eu viajo lá, para o tão distante,
Sem sair do mesmo lugar!
E vejo tudo tão de perto…
São tantas, as caras fechadas
E tão poucas, as de sorriso aberto.


Vejo miríades de pessoas
Tomadas pela destreza.
Eu miro o seu semblante…
Em muitas, eu vejo um temido estar,
Em outras, uma pretensiosa esperteza.
Todas elas, num correr constante,
Que desenfreadas, sem parar,
Trilham os caminhos da incerteza.


Quantas olham, em seu redor
E sentem-se espavoridas…
Esgaravatam, por todos os lados,
Como, se o andar-se neste mundo,
Fosse, o garimpar-se ocasiões perdidas.
Todas elas querem sentir-se amadas,
Mas, lá, bem no seu mais profundo
Elas sentem-se, é, por aí, abandonadas.


É a gente, como o menino, que chora,
Por já não ter, onde se aconchegar.
Pois, todos, os seus foram-se embora…
Não sente ninguém, que o possa amar!
O que a fome, quase, o mata
O que, a todos, implora!
O que, simulando um sorriso de outrora,
Vende a sua alma à gente farta.


É a gente, que, um dia, irá compreender,
Porque vê-se, tanta face apagada…
Tanta criança a morrer!
São vidas, que não valem nada…
E tantas outras a serem ceifadas…,
Ou perdidas em insólitas guerras,
Pela mera posse de terras,
Que nunca serão semeadas.


É a gente, que vê gente sair da missa,
Com uma feição apaziguada…
Sentem cumprido o seu dever!
Porém é gente, que tudo cobiça,
Capaz de refastelar-se a comer,
Como, só isso, lhes desse prazer…,
Mesmo, que sentindo-se assediada,
Pelos olhares da gente esfomeada.


É a gente dos filhos, com fome,
Que perdeu a força do gritar.
É a gente, que a vida não abraça,
Que já nem consegue chorar…
Essa é a dor, que os consome!
O terem deixado as lágrimas secar…
Sentem-se encabulados, pela desgraça
E pela critiquice de quem passa.


É a gente, que verá tanta gente partir,
Com uma imensa vontade de ficar,
Encurralados, pelo ter que ir!
Isso é tão visível no seu olhar…
Mirando tudo em seu redor,
Despem-se da vida passada…
De seus pertences e da gente amada.
Levam a esperança, de uma vida melhor.


É a gente, que vai sentir-se impotente,
Por não poder fazer nada,
Quando, na face de outra gente
Vir declarada dor retratada.
Olharão o mundo em sua volta
E tudo o que conseguirão compreender,
Será o seu sentimento de revolta
E o choro do bebé, ao nascer.

apsferreira

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A Flor

No meio de tantas flores,
eu encontrei uma flor,
que, por entre todas elas,
imponha-se, como a mais bela.
Reparei no seu esplendor…
e, sem que desse por isso,
apaixonei-me por ela.
E tratei-a, com tanto amor…

Como ela era delicada...
Quanto ela era encantadora,
vestida com cores mansas,
numa harmonia, sem par.
Logo vi, em suas pétalas,
beleza enternecedora.
E, por ignóbil vontade,
dela eu quis me apropriar.

Pois, ao olhar essa flor,
eu vi-a a sorrir para mim
e a entranhar suas raízes
pelo meu coração, confim!
Como, se ela adivinhasse,
eu, também, querer ser assim…
Ela ser a minha vida;
E eu ser o seu chão de jardim.

Quisera eu, que no meu amor,
ela encontrasse alimento,
e que, logo, o seu perfume
se espalhasse, com o vento!
Que ao espalhar-se, pelo ar,
que todas as borboletas,
plenas em deslumbramento,
logo a, viessem beijar.

apsferreira

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Fantasmas

São tantas as pessoas, que vivem
na penumbra das minhas emoções,
porque, lá, deixaram as suas pegadas,
em tempos idos ...!
Nos meus caminhos percorridos…
Pagadas, que o tempo não as apaga,
pois a minha alma as afaga!

… outrora, elas viveram no meu coração;
acarinhavam a minha vida;
inflamavam-me a paixão!


São fosseis de lágrimas e de sorrisos,
carregados de memórias;
de sentimentos indecisos …
Que fizeram dos meus olhos
fontes de água saturada,
na qual eu sinto, que a minha essência
permanece, ainda, mergulhada!

… nela estão dissolvidas tantas emoções,
geradas, por insanos desejos;
por fatídicas contradições!


São marcas de ressentimento;
são mãos, que me oprimem;
que me dão este nó na garganta …
E que afogam a minha alma.
Eu lavo-as em projectos,
dissimule-as com sorrisos,
mas de nada adianta!

… recordo-as com tanta melancolia,
pois, agora, são tristeza …;
são memórias de alegria!


Quantas vezes, eu quis as remodelar,
mas, de uma forma tão idealista …
E elas mostram-se-me irreduzíveis!
Assim, elas têm-se mantido presas
na masmorra dos meus acanhamentos,
onde as mantenho cativas
e em cumplicidade com meus lamentos …

… sinto, estar em risco a minha capacidade de amar,
sempre, que eu as enfrento
ou, que eu as tento exorcizar!

apsferreira

sexta-feira, 13 de março de 2009

Vazio

São tantas,
as coisas que eu te digo…
Quantas,
porque fazem sentido.
Outras tantas,
porque sei, como as queres ouvir!
De quanto tu precisas,
que eu te as faça sentir…!

É esse teu olhar suplicante,
que me faz as repetir…
Numa incoerência, sem par.
mas, desde, que eu te faça as sentir,
são a verdade assimilada!
São o sustento do teu estar,
tal é essa fome, que tu sentes,
que eu te faça sentires-te amada…!

São alimento, na tua insegurança;
nesse teu medo…;
Nesse, tremendo, horror,
que tu sentes do degredo!
Tu ficas apavorada…
E perante tanta dor
e em, suplicante, ansiedade,
como eu te vejo fragilizada…!

Recordas-me a rosa, que te dei.
Como ela resplandecia, naquele canteiro…
A sua cor
era a do amor verdadeiro!
Agora, enche o teu coração, com mais um nada…
Ela era sentimento,
hoje, é só fantasia,
é uma, outra, ilusão alimentada…!

Bem fechada na tua gaveta,
com que carinho tu a guardas…
Velha e tão ressequida!
Tal e qual tu resguardas,
este meu sentimento, já sem vida…
Perdeu a cor e o seu perfume
e quanto tu a olhas, encantada.
Como eu te vejo, tão perdida…!

Em nossos sorrisos debatem-se
a tua doçura e o meu vazio…
É como, quando, as nossas mãos se tocam,
num meu tocar, sempre, tão frio!
Deixei-as tomarem-se, pelo esquecimento…
E sentem-se, por isso, atordoadas,
pela ausência, no meu sentir,
daquele belo e tão doce sentimento…!
apsferreira

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ausência

Quando eu olho o vazio lá, tanto, no distante,
Vejo-te a flutuar, comigo, no pensamento…
E aí estás, com esse teu sorriso irradiante!
Logo, bate o meu coração, num fulgor ardente.

És amor; és a luz da delicada beleza;
Desconcertante doçura, que é tão desejada…
Um ser singelo, de sublime delicadeza;
Tu és um encanto, ardente em chama abençoada!

Fundes a minha alma, com meu coração, em amor.
Pensamento e alegria, em sofrimento e dor.
Surge a fraqueza, por minha força aniquilada.

Oiço as vozes; os ruídos bem, lá, tão ao fundo,
Tal como, se nada mais existisse no mundo!
Eu vivo instantes, em corrida desenfreada…

apsferreira

Frustração

Preciso rasgar, todos, os papéis;
As notas;
As recordações…
Preciso afogar, todos, os sentimentos;
Os desejos;
As alucinações…
Preciso eliminar, todas, as vontades;
As dores;
As ilusões…
Preciso exterminar, todas, as esperanças;
As crenças;
As recordações…
Preciso acabar com, todos, os enganos;
Os atalhos;
As contradições…
Preciso superar, todas, as fraquezas;
As falhas;
As limitações…
Preciso aniquilar, todas, as cobiças;
Os quereres;
As frustrações…
Preciso fazer, tudo, isto
E não sentir as mutilações…

apsferreira

Crepúsculo

A encantadora beleza, que na fria madrugada
Rompe, serenamente, aquela teimosa escuridão,
É uma luz prometida, que há tanto é desejada,
Que me ilumina minha alma e reanima o coração.

Foram caminhos percorridos de penumbra e de dor,
Passados, arrastando as saudades e as angústias,
Por entre esvaziados momentos, sem vida; sem amor…
Palmilhando longas escarpar, por tenebrosas vias.

O encanto e a beleza, desta fria madrugada,
Que me acolheu, tão serena, com sua luz promissora,
Embalou-me em melodia de alegria renovada
E apontou-me caminhos, por onde eu, antes, nunca fora.

Cá está… É o medo e é a angústia e é o tempo passando,
Pois na mente há cobiça, mas o coração é zeloso.
E, no querer, volta a ser o temor, quem tem o comando…
Regressa o ocaso …, a sereia de encantamento penoso!

apsferreira

Saudade

Diz-me, por onde andas.
Porque teimas em não reaparecer…
Em, se, me negar…!
Em me fazer esperar;
desesperar…,
num vazio, em minha alma,
que dorida,
… te procura amargurada,
por, tanta, saudade sentida!
… como tu és tão desejada!
… e, em minha vida, tão sonhada…!
Vida, agora, tão descolorida…
Já, nem a sinto, sequer, vivida…,
porque, de tua presença, foi despojada…
Presença que, desde há muito,
nela, se tornou tão desejada!

apsferreira

Momento

Sinto o teu calor,
no nosso tocar.
É um só sentir,
num só estar.
Pleno de amor...
Uma única respiração!
Único bater de coração!
... em uníssona pulsação.
É um olhar, que enche!
Calor de lábios, que preenche
os nossos beijos desenfreados!
É uma êxtase de amor e paixão,
por desejos incontrolados,
plenos de sofreguidão,
por tua pele macia,
de que me tento apropriar...
Em toda ela eu quero tocar!
Tudo quero sentir, agarrar!
Possuído em doce orgia,
minhas mãos enfeitiçadas,
em carícias apaixonadas,
percorrem teu corpo, sem parar.
Acelera-se-me a pulsação…
Só tu existes, nesse momento,
num enfeitiçado sentimento.
Desespero é dor de contentamento...
É o auge, do viver a emoção.

apsferreira

Natal no Coração

Dezembro de 2008


Natal no Coração

Vestem-se as cidades, com abertos corações.
Passeiam alegrias, agora, despertadas,
De entre tantas dores e tantas preocupações,
Soltas de onde a vida as manteve aprisionada.

Corações descoloridos e sedentos de amor,
Que pela noite d` agora, se deixam embalar.
Menino, Tu que te anuncias em forma d`amor,
Tu geras esse brilho, que se espalha no ar.

Mas vestem-se com frio; passeiam na solidão,
Corações que de noite, se acomodam no chão,
Importunando corações, que por lá vão passando…

Que poderia eu fazer? (eu pergunto-me a mim…)
Almas sorriem; almas choram! (o mundo é assim…)
De alma lavada vai, meu coração, se ajeitando.

apsferreira