Hoje, eu vi Lisboa despertar molhada
Banhada em lágrimas, e em respingos de sal
E o que eu vi, hoje, em Lisboa
Eu vi também no resto do meu Portugal
Eu vi multidões agonizantes
Crivadas de uma forma brutal
Por insólitas farpas, que incessantes
Cruéis coleiras sufocantes,
Nelas, geravam um pânico, sem igual
Eu vi casas a se desmoronarem
Que, mesmo erguidas sobre o seu alicerce ideal,
Cediam, fragilizadas, sem parar
À força e à destreza de um vendaval
Que, com uma subtileza sem par,
Fazia os seus habitantes desvairar
Ao lhes desfazer as suas asas
Com uma tal frieza, abismal...
Eu vi lágrimas de dor e de sal, por todo o lado
Neste imenso punhado de lares, de Portugal
Eu vi homens e mulheres aos milhares
A verem a ser saqueados os seus lares
E, de sua vida, a perderam a mão
E a sufocarem, agonizantes, nos mares
Do mais intenso de uma insólita aflição
São gente que sente o seu coração a ser imolado
Pelo legado de uma exterminadora corrupção
Levada à mão por um prepotente punhado
De incompetentes, que, por todo o lado
Mina o chão dos seus lares
Sem dar ares de escrúpulos, ou de compaixão
apsferreira
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
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