Escuta o vento, que sopra
e a chuva que cai aqui, mas além
escuta o homem, que chora...
pois, que um lugar no mundo, ele já não tem
ele teve que disputar
a sua própria vida, com outrem...
Escuta o passo daquela
que, há pouco, espreitava à janela
ela agora está a ir embora...
pois, que há muito que ela perdeu a coragem
e, tal como o homem, que chora,
ela já tem na mão a sua bagagem...
Escuta o gritar das gaivotas
e o zumbir da mosca vareja
elas escutam as devotas...
pois, que elas estão tomadas em acesa peleja,
cortando na casaca das janotas
lá no adro da igreja...
Escuta o rir do homem
que enfeita a vida, com anedotas,
ele entrega-a de bandeja...
pois, que da vida dele todos comem
já que ele troca o que deseja
por um punhado de notas...
Escuta o gemer da criança
cujas lágrimas já secaram
ela já perdeu a esperança...
pois, que há tanto que ela já não come
ela engana a sua fome
mirando os que enchem a pança...
Escuta a fúria do mar
a bater de encontro aos rochedos
ele esta a te atiçar...
pois, que ele diz que tu deves te cuidar
mas que não te deves acobardar
nem ceder, assim, aos teus medos...
Mas, escuta o barulho do comboio
que há pouco estava a apitar
tu vais ter que te despachar...
pois, que olha que ele está a ir embora
se tu não o apanhares agora
tu vais ter que toda a vida aí ficar...
apsferreira
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Um comentário:
Gosto! :)
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